segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Profecia: o ano de 2012



Em diversas culturas ancestrais o ano de 2012 é marcado nos calendários como o “apocalipse”, o “fim do mundo”, “o juízo final”, “o fim de um ciclo” e, nos mais otimistas, “o ano em que esta era terminará e outra, melhor, será iniciada”.

Maias, Egípcios, Celtas, Hopis, Nostradamus e diversos profetas, Chineses e Budistas, WebBots, Cientistas e Religiosos das mais diferentes crenças afirmam que algo extraordinário ocorrerá em nosso planeta em 2012 (ou antes).

Nunca antes uma data foi tão importante para muitas culturas, para muitas religiões, cientistas e governos.

Mas o que acontecerá na fatídica data de 21 de dezembro de 2012?

Para muitos será o dia da aniquilação da raça humana devido a uma inversão dos pólos da Terra. Como isso seria possível? Devido a distúrbios nos campos magnéticos do Sol que, gerando colossais tormentas solares, afetarão a polaridade de todo o nosso planeta. Resultado: o campo magnético terrestre se inverterá imediatamente, com conseqüências catastróficas para a humanidade.

Violentos terremotos demolirão todos os edifícios, alimentando tsunamis colossais e atividade vulcânica intensa.

Na verdade, a crosta terrestre deslizará, arremessando continentes a milhares de quilômetros de sua localização atual.

Outros falam que grandes cataclismos serão gerados devido a passagem de um "astro/cometa/planeta" perto da Terra.

Seria o “Abominável da Desolação” de Jesus, a “Abominação Desoladora” do profeta Daniel, a grande estrela ardente com um facho, chamada "Absinto” do Apocalipse de João, a “Grande Estrela“, “o Grande rei do Terror“, “O Monstro” ou “O Novo Corpo Celeste” de Nostradamus, o “Astro Intruso” ou “Planeta Higienizador” de Ramatis, o “Planeta Chupão” citado por Chico Xavier, ou o “Planeta X” procurado pelos astrônomos, ou o “12º planeta” de Zecharia Sitchin, ou o “Nibiru/ Marduk” dos Sumérios, ou ainda o “Hercólubus” dos estudiosos da Gnose.

Para os cientistas da NASA a data desse acontecimento será marcada pelas piores tormentas solares da história.

Para os governos e a ONU algo terrível está para ocorrer com nosso planeta, por isso foi inaugurado no início de 2008 o “cofre do fim do mundo” que visa abrigar sementes de todas as variedades conhecidas no mundo de plantas com valor alimentício.

Outros esperam pelo “Juízo Final” com a separação espiritual do “joio e do trigo” (visão bíblica), que se dará com a chegada de Jesus Cristo, ou através de uma visão mais atual com relação à seres extraterrestres, ou mesmo com o colapso total da civilização humana baseada no materialismo/egoísmo (fim do sistema econômico) e início de uma nova civilização voltada ao espiritualismo, amor e fraternidade.

Nesta mesma linha de “juízo final”, a teoria sobre a chegada dos seres extraterrestres se dará após um cataclismo provocado pela chegada do “segundo sol”, ou também conhecido como o "Planeta "X" / Nibiru", citado anteriormente.

Não podemos esquecer que na visão espiritualista do “fim do mundo”, o lado material (catástrofes, fim do dinheiro, materialismo, consumismo, etc) é colocado em segundo plano. Não que isso não acontecerá. Eles falam que sim, mas o que vai separar um mundo do outro é uma mudança consciencial: a consciência egoísta e individualista “sou ser humano, pertenço ao planeta Terra” morrerá e nascerá a consciência universalista “sou a encarnação de um espírito, pertenço ao Universo”.

Segundo essa crença, os espíritos reprovados no “juízo final”, ou seja, aqueles que não mudarem a consciência frente as últimas “provas”, serão exilados no "Planeta "X" / Nibiru" e terão que recomeçar do zero todo o processo de reencarnação, enquanto que os aprovados para a nova Terra vão estar livres de recordações do passado e qualquer traço de egoísmo e individualismo. Serão os habitantes da Terra de regeneração (como os espíritas falam).

Para os WebBots (programas dedicados à realizar previsões com base em dados colhidos na rede mundial de computadores) algo devastador vai ocorrer no ano de 2012.

Como se pode notar, muitos têm a sua versão e sua própria previsão do que poderá ocorrer no ano de 2012 (ou até esta data).

Mas se notar você vai ver que não será o “fim do mundo”, mas o fim de um tipo de mundo.

Não nos restam dúvidas que a nossa civilização está à beira do colapso. Prova maior disso é a atual crise financeira mundial e o aumento das catástrofes naturais, além do agravamento da violência e distúrbios psicológicos.

Qualquer um que usar a inteligência e fizer uma análise sobre os fatos mundiais que estão ocorrendo, deve compreender que se não houver uma mudança radical em nossa forma de viver, nossa sociedade não terá como sobreviver por muito tempo.


Nota: Recomendo a leitura de todo o conteúdo do texto no link acima indicado. Não nos custa saber um pouco a respeito do povo Maia, do alinhamento da nossa Galáxia e outros temas afins.[ETB]
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vida fora da terra

Hoje eu li a notícia que destacou os resultados de um impacto provocado pela NASA (Agência Espacial Norte-Americana), que lançou uma sonda sobre a superfície escura da lua. O objetivo era a localização de água naquele satélite terrestre. O resultado superou o que se supunha: existe água numa cratera lunar e numa quantidade superior ao que se imaginava possível (leia a reportagem: Folha Online).

Em virtude desta notícia eu passei a meditar noutro assunto, objeto de convicção de alguns segmentos religiosos. Tais aglomerados da fé afirmam, de forma peremptória, que existe vida fora da Terra. Trata-se de vida pura, resultante de criação divina e que não está sujeita ao efeito do pecado - que está adstrito ao nosso planeta.

Imaginei como poderia reagir essa massa religiosa diante de uma descoberta de vida, ainda que muito primitiva, na lua, num planeta ou qualquer outro objeto do sistema solar ou até mesmo fora do sistema solar. Como reagiria diante dessa conclusão desconcertante? Como seria repensada a religiosidade de muitos?

Eu até suponho que haverá uma sequência de desculpas:

1. “Não há vida fora da Terra que possa ser alcançada por nós humanos pecadores! É efeito visual, promovido por influência do diabo!”

2. “Não é vida extraterrestre! É contaminação humana, levada para outros mundos devastados, sem valor e que, portanto, estão longe daquela criação perfeita de deus -protegida contra a nocividade pecaminosa do homem!”

3. “É hora de repensar a criação, origem da vida, vida em outros mundos (...). A ciência provou que conceitos arraigados em nós estão despidos de valor. Precisamos reestudar a religião!”

Como muitos passariam a se comportar diante de revolucionária informação? Não pairam dúvidas: qualquer vida encontrada fora da Terra destruirá conceitos, promoverá mudanças, ensejará apostasia da fé naquele instante comungada...

Um fato é inegável: muitas religiões escudadas na bíblia terão imensa dificuldade para defender qualquer tipo de postulado que tenha como base a criação divina. Aquela criação baseada na história (fábula) de Adão e Eva, pecado, remissão de pecado e afins...

Enéias Teles Borges

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A questão da certeza no agnosticismo


A questão da certeza no agnosticismo

Enéias Teles Borges

Partindo duma premissa interessante do agnosticismo, que se finca na convicção de que é impossível provar ou negar a existência de deus, servindo-se dos meios humanos, eu me pergunto: Como se faz, então, a opção pelo teísmo ou pelo ateísmo? Claro que proponho a questão olhando pela perspectiva de um agnóstico...

Questão de escolha, sim, meramente de escolha. Um agnóstico pode, mesmo afirmando ser impossível provar ou negar a existência de deus, escolher ser criacionista ou ateu. Quando perguntado sobre o motivo de uma escolha ou outra, a resposta seria simples: “mesmo tendo a convicção de que é impossível provar ou negar a existência de tal divindade, por questão pessoal (e afins), escolhi ser assim ou assado...”

Muitos, quem sabe, surpreender-se-ão com isso. Imaginam que se um indivíduo não é ateu ou criacionista ele, por exclusão, é agnóstico. Já tratamos por aqui esse ponto. O agnosticismo não é o meio termo entre teístas e ateístas. Ponto final!

É possível, portanto, existir agnóstico ateu e agnóstico teísta e mais, dentro do teísmo é possível encontrar um agnóstico deísta.

Qual é, então, a diferença entre um agnóstico criacionista e um criacionista “normal”? Tomando como exemplo apenas o cristianismo, podemos afirmar que um criacionista “normal” aceita os fatos bíblicos como sendo verdadeiros. Exemplificando: o dilúvio. O agnóstico criacionista, por acreditar ser impossível provar ou negar a existência de deus, tende a não aceitar o dilúvio da forma como exarada na bíblia. Como seria possível acreditar nas informações dadas no livro milenar, como sendo a palavra expressa de deus, se ele, agnóstico, não vê prova de existência do poderoso ser?

Não é tão simples assim a questão da certeza em face do agnosticismo criacionista. E não poderia ser diferente. O criacionista “normal” não tem semelhança prática com o agnóstico criacionista, assim como não há similaridade prática entre o ateu convicto e o agnóstico ateu.

Voltaremos ao tema.
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domingo, 25 de outubro de 2009

A guerra dos meninos


Nos anos 1980 eu estava estudando no IAE (Instituto Adventista de Ensino) atual UNASP (Centro Universitário Adventista – SP). Houve um momento, entre o final do segundo grau e início da faculdade de teologia, em que me foi possível vivenciar um alvoroço no arraial. De repente um assunto tomou conta do meio: mensagens subliminares captadas ouvindo discos, girando-os em sentido contrário. Supostamente era possível ouvir mensagens satânicas quando algumas músicas eram ouvidas “ao contrário”. Eram muitos músicos estrangeiros, mas havia, também, alguns brasileiros. Destaques para Raul Seixas e Zé Ramalho.

Era uma loucura! Os pais, preocupados, lotavam o salão nobre da instituição. Eram noites de reavivamento espiritual. Precisavam convencer os filhos acerca da nocividade das músicas populares. Foi uma agitação maior do que outra, mais atual, promovida pelos livros e filmes de Harry Potter e pelo livro e filme “O Código da Vinci”.

Lembro-me claramente que uma música especial foi destaque. Justamente uma do cantor Roberto Carlos, do seu LP de 1980, cujo título é “a guerra dos meninos”. Trata-se de composição que fala de um sonho e neste sonho o cantor diz que foi o mais bonito de sua vida. Tem uma frase que despertou a atenção dos “analistas” que é a seguinte: “quando em minha porta alguém tocou, sem que ela se abrisse ele entrou..”

Esta frase causou comoção pois os ditos analistas asseveravam que somente uma força espiritual (no caso - maligna) poderia passar por uma porta não aberta. Tal força espiritual, claro, era do senhor das trevas. O interessante é que se desconsiderava o fato de que o cantor estava, desde o começo, referindo-se a um sonho. Sonho que tratava de paz vinda por meio de crianças? Não se sabe o motivo real da implicação profunda contra esta música em especial.

Não importa! A música foi ouvida ao contrário e os “analistas” separaram uma frase parecida com isso: “...e esse diabo vai cantar de novo...”

Pronto: a música tornou-se maldita! Professores do seminário de teologia foram convocados e muita coisa se disse e se ouviu a respeito de mensagens satânicas subliminares inseridas em músicas populares.

Não faz muito tempo lembrei-me desse episódio ocorrido há mais de 25 anos, e procurei saber o que tinha se passado com aqueles analistas, paraninfos da boa música. Soube que muitos tinham deixado esse assunto de lado. Havia sido um momento fugaz. Alguns até se sentiam envergonhados pelo alvoroço que promoveram e outros ainda seguem acreditando naquilo tudo, mas sem promover qualquer tipo de algaravia.

Eu soube, também, que eles andaram ouvindo “ao contrário” algumas músicas evangélicas, incluindo as dos adventistas, e ouviram frases parecidas com aquelas de músicas seculares. Ficaram com grande dúvida: se aquelas eram “do mal” como explicar as mensagens nas supostas músicas “do bem”?

Discussões à parte eu quero fazer um chamamento à reflexão. Nem sei se reflexão ou se um chamado ao “varandão da saudade”. Que tal ouvir a música, prestar atenção na letra e, quem sabe, emitir sua opinião?

Seria possível mesmo tudo aquilo que disseram da música? Que encerrava em si uma apologia ao mal? A música trata de “um bem maior”: a paz, o amor e deus... (claro que naquele tempo dizia-se que essa paz era uma paz falsa, advinda do mal ou uma forma de “contrafação”...) Sugiro que seja ouvida com calma e que a letra seja analisada de forma imparcial.

Eis o link para a música [a guerra dos meninos].

Enéias Teles Borges

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O agnóstico é um desnorteado?

Segundo a análise de muitos, os teístas e os ateístas são indivíduos que, a despeito do contraste de suas convicções, podem ser considerados entes de norte definido. Por norte definido entende-se o oposto de desnorteado, que é o que perdeu o rumo ou sentido de direção que é confuso ou embaraçado. Tal entendimento, no que diz respeito a crer ou não crer na existência de divindades, faz do cidadão um ser convicto ou não, desnorteado ou não. Em suma diríamos que tanto o teísta quanto o ateísta são pessoas com seu rumo bem delineado, mesmo tendo convicções contrastantes.

O que dizer, então, de um agnóstico? Seria, portanto, um desnorteado por não partilhar rigorosamente de uma convicção (teísta ou ateísta)? Somente serão considerados com sentido de direção aqueles que se alinham com o teísmo ou ateísmo? Haveria uma terceira via? Essa outra via seria o agnosticismo?

É bom entender que para o agnóstico, assim como não é possível provar, de forma racional, a existência de divindades e do sobrenatural, é de igual maneira impossível provar que não existem. É claro que o agnóstico não considera isso um problema, já que ele não enxerga necessidade que o force a se enveredar por essa tarefa investigativa e estéril (divindades existem ou não existem?).

“Muitas pessoas usam, erroneamente, a palavra agnosticismo com o sentido de um meio-termo entre teísmo e ateísmo. Isso é estritamente incorreto pois teísmo e ateísmo separam aqueles que acreditam num Deus daqueles que não acreditam. O agnosticismo separa aqueles que acreditam que a razão não pode penetrar o reino do sobrenatural daqueles que defendem a capacidade da razão de afirmar ou negar a veracidade da crença teística”. (Wikipedia).

Ao definir que a razão não pode penetrar o reino sobrenatural o agnóstico mostra o seu norte e não se perturba com isso. Quem poderia, com o pleno uso da razão, afirmar que ele (agnóstico) está errado por assim proceder?

A maneira como o agnostismo pode melhor ser enxergada encontra guarida no seguinte: agnosticismo é uma forma mais intelectualmente honesta de ver a questão da existência ou não de um ser superior. Enquanto o ateísmo afirma que Deus não existe, numa posição que não pode ser provada, o agnosticismo argumenta que a existência de Deus não pode ser provada ou deixar de ser provada; que é impossível saber se Deus existe ou não. Neste conceito, o agnosticismo está certo. A existência de Deus não pode ser provada ou deixar de ser provada empiricamente.

O assim pensar é típico de um desnorteado ou de quem é honesto, compromissado e pronto para aceitar evidências de um lado ou de outro (caso existam)?

Enéias Teles Borges

sábado, 3 de outubro de 2009

Sobre a ética e a moralidade...


Uma missão difícil eu creio que está concluída. Foi a de mostrar às minhas filhas que a boa ética e sã moral independem de religiosidade ou, melhor dizendo, da cultura religiosa. O contexto no qual cresceram e estudaram tem imensa dificuldade para mostrar que é possível ser ateu e ainda assim ser ético e ter moralidade. Assim como existem pessoas boas é más nos centros de fé o mesmo ocorre nos âmbitos daqueles que creem na inexistência de qualquer divindade. Isto que dizer que elas, sendo teístas ou ateístas, estão obrigadas a enxergar esta vertente pura da ética e da moralidade.

Devo admitir que foi uma tarefa árdua. Cresci aprendendo que ser religioso é ser ético e não ter deus no coração é ser louco. Não é um provérbio bem difundido aquele que assevera ser néscio o que afirma não existir deus? Por suposta loucura há um encaixe: o ateu não é ético, logo o ateu conspira contra a moralidade. Algo como um mundo sem limites às mazelas da carne – promovido pelos loucos ateus. Não é isso que, enfim, fica transparente no discurso dos pseudo-religiosos?

Concluo, portanto, que a missão está cumprida e não é de hoje. Até considero minhas filhas como privilegiadas por não terem ouvido desde a infância “que eram filhas da luz” e que fora do contexto de fé no qual cresceram só existem os “filhos e filhas das trevas”.

Neste sábado tecemos comentários acerca da dissociação que há entre ética e religiosidade. Existem éticos em todos os lugares e isso independe de sexo, cor, religião e afins. Eu as ouvi falando longamente sobre isso. Foi gratificante não ver nelas os assustadores indícios da crença espúria: aquela que sugere que só o religioso é bom e, em contrapartida, o não religioso carece de freios morais.

Sinto-me aliviado pois sempre sofri pressão dos “meus iguais” que seguem habitando no centro de cultura religiosa. Quantas vezes eu ouvi algo como “é preciso manter suas crianças sempre na igreja para que aprendam o que é certo e saibam se afastar do que não é justo”. Ou assim: “você tem se ausentado da igreja. Você é adulto, mas sua atitude é prejudicial às suas filhas que necessitam frequentar a igreja...”

Não foi fácil ao longo dos 19 anos de uma filha acrescidos dos 16 anos paralelos da outra. Como é importante ver que entenderam que a ética e a moralidade são qualidades que precisam ser bem desenvolvidas e que para tal não são necessários o incentivo e o chicote dos centros de difusão da fé cega e da faca amolada.

Elas compreendem, é claro, que o ambiente dos centros de cultura religiosa é bom. Repleto de pessoas bem intencionadas, mas que carecem de uma visão mais clara e respeitosa acerca das demais pessoas de outras religiões e das que sequer têm religião - por serem atéias.

Sinto-me, no mês em que completei 47 anos, realizado no que concerne a este ponto importante, independentemente de religiosidade ou ausência dela: deve-se fazer o certo simplesmente porque é certo. Eis o que se pode dizer de ética e de moralidade. Eis o que me deixa com a convicção de que minhas filhas entenderam...

Enéias Teles Borges

domingo, 13 de setembro de 2009

Jesus é o caminho, eu sou o pedágio


As culturas religiosas cristãs têm enfatizado, ao longo dos tempos, que Jesus Cristo é o caminho. O caminho, sabe-se, existe para ser percorrido. No caso em questão o mínimo que se espera é o uso do caminho de forma graciosa, conforme apontam as interpretações que tratam da morte vicária de Cristo. Deveria ser assim, mas efetivamente não é!

Qualquer centro de cultura religiosa, no seu proceder, tem uma frase que está estampada na prática dos seus ritos: “Jesus é o caminho, eu sou o pedágio”. Objetivamente o que fica claro é que para percorrer o caminho que é Cristo, a membresia necessita passar pelo pedágio. O pedágio é caro!

Quem sabe alguns diriam que a manutenção do caminho requer cuidados e que esses cuidados demandam a necessidade de recursos. Acontece que os recursos, que deveriam ser mínimos, tornam-se grandiosos em face da opulência que cerca a atual postura da teologia da prosperidade tão difundida nos meios tortuosos da fé cega e da faca amolada. O pedágio tem encarecido tanto o custo de utilização do caminho que Jesus Cristo deixou de ser “o caminho” para se tornar “o negócio”!

É inegável que os centros de difusão da fé tenebrosa estão se tornando o grande meio de captação de recursos. Tais recursos são usados de forma desenfreada pelos líderes – gerentes do pedágio. As instituições da fé amalucada estão se tornando potências em segmentos econômicos como jamais se imaginou!

As práticas do cotidiano dos conglomerados da fé dizem, sistematicamente, que existe um caminho para a salvação (Jesus), mas que o uso desse caminho não é gratuito. Impossível jornadear na direção dos céus sem cumprir a etapa do pagamento do pedágio. Almeja vida eterna? Pague o pedágio!

A maneira de arrecadar fundos consiste no que se chama de “por deus à prova”. Devolvem-se dízimos e ofertas e a prosperidade começa na terra e se eternizará nos céus. Como se pode provar que Deus cumprirá a expectativa? Eis a grande chave da porta principal! Através de processo permanente de alienação! A massa outorga o que tem e o que não tem e fica esperando por uma prosperidade que jamais virá. Nesse instante de desventurada magia o Cristo deixa de ser o caminho e transforma-se no negócio.

O pedágio tem enriquecido instituições e seus líderes. O pedágio tem furtado a realidade das pessoas e nelas implementado a esperança. Esperança que apesar de ser a última a morrer, certamente se desvanecerá...

Enéias Teles Borges

domingo, 30 de agosto de 2009

Jesus Cristo - Super Estrela

O mundo carece de um Jesus Cristo. Alguém que, sendo onipotente, ofereça o que todo ser humano aceitaria com prazer: um deus pessoal. Um ser supremo que zele pelo jornadear do homem neste mundo de sofrimento. Quem não deixaria imediatamente de ser ateu ou agnóstico se tivesse certeza plena que esse ser existe? Somente o néscio - o tolo. Quem quereria ser ateu ou agnóstico apenas para ser do contra? Quem não aceitaria uma vida eterna repleta de realizações e desenvolvimento permanente da razão? Acredita-se que ninguém em sã consciência deixaria de aceitar, sendo de graça, imenso dom.

O grande problema reside no fato de que é praticamente impossível saber da existência desse ser supremo. Para tentar localizá-lo, caso exista, é muito difícil. É um ser que se esconde. Que só pode ser imaginado através da subjetividade da fé. Mas a fé não é certeza. Sendo algo concreto e facilmente palpável não seria objeto da fé. Exercitar a fé não é para qualquer um. O racionalista, dentro de sua sinceridade, carece de fatos concretos. Ele não é teimoso! Não é um rebelde sem causa! Observem: não é porque existe uma pregação permanente nos muitos centros de fé que ele, o racionalista, acredite que pelo muito falar e pelo bastante ouvir o ser supremo se materialize. O mundo, portanto, carece de um Jesus Cristo palpável, que não se esconda e que se manifeste de forma simples e objetiva. Ele, segundo os crentes, existe e tem amor de sobra para dar. Mas por que ele não se manifesta de forma inequívoca para os racionalistas sinceros? Sendo ele um ser de pleno amor, por que não demonstrar essa caridade mostrando-se e tornando desnecessária a fé? Por que esse ser não liquida de vez com a necessidade crescente de teólogos que inventam, anos após anos, formas de ver e sentir esse Jesus Cristo?

Seria Jesus Cristo um ser concreto ou uma superprodução? Não seria esse Jesus Cristo uma Super Estrela que é apresentada de múltiplas formas pelos múltiplos centros de fé e de esperança? Uma pergunta que insta em não se calar: Jesus Cristo se de fato o senhor existe por que não se mostra de forma simples e cristalina - sem a necessidade dos olhos da fé? Uma afirmação que não quer se calar: Jesus Cristo: caso o senhor se manifeste de forma concreta e esplendorosa (como os teólogos dizem que o senhor é), o mundo o aceitará! É tão simples aceitar a verdade! É impossível recusar os fatos! Sendo Jesus Cristo um ser de pleno amor, por que não simplifica a vida das criaturas carentes de vida (...)? E que tal vida seja eterna! O mundo aceita – é certeza absoluta!

Não queremos um Jesus Cristo Super Estrela e sim aquele Jesus que os teólogos dizem existir. Basta que ele não se esconda - tornando-se visível apenas para os olhos da fé. A fé é um instrumento que muitos não possuem. São muitos os aleijados - por não possuírem esse membro (a fé). Seria justo não se mostrar de forma concreta para os cegos - aqueles que não possuem os olhos da fé?

É para se pensar: ou apenas existe um Jesus Cristo - Super Estrela ou apenas existe um Jesus Cristo que não quer se mostrar para os que não têm os olhos da fé ou ele simplesmente não existe! Não existe? Não como ser concreto - e sim como uma superprodução dos teólogos - aqueles que possuem olhos da fé ou que usam a fé alheia, de forma espúria, para sobreviver neste mundo vil e tenebroso – usando os centros de fé como um pasto inesgotável.

O mundo real não carece de um Jesus Cristo – Super Estrela. O mundo real clama por esse ser supremo e pessoal. O mundo dos aleijados – que não possuem os olhos da fé, necessita de uma manifestação concreta deste ser que os teólogos dizem que é de infinito amor. Sendo de tão grande caridade por que simplesmente não aparece e diz: estou aqui, venham todos os humanos vivos e os ressuscitados. Sigamos para o paraíso! Venham viver eternamente comigo!

O mundo, sem dúvida, aceitará...

Enéias Teles Borges

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os anos ocultos de Jesus

Eu estava com minha família e amigos, no mês de julho do corrente ano, na cidade de Caldas Novas, Goiás. É um passeio que teve a sua oitava repetição. Mesmo local, mesmo hotel e os amigos de sempre.

Quanto ao livro de cabeceira que levei para lá, para as minhas leituras que antecedem ao sono, tinha sido lido por inteiro. No dia seguinte saí com minhas filhas e fomos ao shopping “redondo” que existe lá em Caldas. No segundo piso há uma simpática livraria e nela ficamos vendo os vários títulos disponíveis. Cada uma escolheu algo e eu vi um livro em destaque: “Os anos ocultos de Jesus” de Elizabeth Clare Prophef. Comprei e na mesma noite iniciei a leitura.

É um livro esotérico e como ando me insurgindo contra preconceitos dantes arraigados, entreguei-me à leitura do livro, cuja sinopse é esta: “Onde esteve Jesus durante os 18 anos que se passaram entre a sua volta a Nazaré e o batismo no Rio Jordão? As mais detalhadas pesquisas oficiais não conseguiram decifrar esse mistério. No entanto, pergaminhos antigos encontrados num mosteiro do Tibete levaram quatro autores em diferentes épocas a testemunharem sobre as passagens de Jesus pela Índia, pelo Nepal, por Ladakh e pelo Tibete”. O livro não se detém em comentar se as narrativas são verazes ou não. Apenas reúne os relatos dos quatro autores, incluindo a descoberta de manuscritos em 1887, pelo jornalista russo Nicolas Notovitch.

Em resumo o que dizer sobre o livro e sobre a leitura que fiz? Tenho aprendido que é praticamente impossível perder tempo fazendo qualquer tipo leitura – até mesmo receita de bolo ou bula de remédio. O que pode acontecer é se dispensar mais tempo para uma leitura mais ou menos “encorpada”, isto é: dedicar maior tempo para uma leitura, digamos, menos útil e/ou agradável. Sempre é possível reter algo bom e com o exercício de um juízo de valor independente excluir aquilo que é “palha”, separando o joio do trigo. Recomendo ou não o livro? Caso sua leitura “encorpada” esteja em dia eu recomendo, claro. Gosta de dar atenção a outras formas de pensar e escrever? Por que não lê-lo? Fiz uma leitura “quase dinâmica” do livro e aprendi um pouco de geografia, história e detalhes dos costumes locais. Notei também que o principal objetivo (ou um dos principais) foi comprovar se o principal dos quatro autores (Notovitch) de fato esteve naquele contexto e se teve contato com o material que foi objeto de suas afirmações.

Afinal existe algum fundo de verdade nisso tudo? Seria Jesus o mesmo “Santo Issa” de que trata o livro? Convém adicionar essas supostas informações aos outros escritos não-cristãos como aqueles de Plínio, o Moço, Tácito e Suetônio? Para saber se compensa incluí-lo ou se vale considerá-lo como um compêndio esotérico só existe uma forma: lendo-o sem preconceito.

Vale, portanto, a dica.

Enéias Teles Borges

sábado, 8 de agosto de 2009

A matemática da hipocrisia

A matemática da hipocrisia
Autor: Enéias Teles Borges

A semana tem sete dias, que multiplicados por 24 horas chegam a um número: 168. A semana, portanto, tem cento e sessenta e oito horas. Trata-se de um simples exercício de matemática, mas que observado à luz das falsas concepções religiosas mostra quão absurdos podem ser os devaneios humanos.

Os sete dias da semana são vividos pelas pessoas dentro de suas possibilidades e/ou escolhas. Cada semana propiciará sete dias para que cada indivíduo pratique os atos da vida, bons e ruins, supérfluos e necessários. É caminho percorrido a cada ciclo de sete dias ou cento e sessenta e oito horas horas. Terminada uma semana é iniciada outra, na grande batalha pela sobrevivência.

Isto significa, também, que cada um arcará com seus problemas!

Lembro-me de uma modinha infantil: “Ema, ema, ema, cada um com seu problema...” A semana traz seus problemas que precisam ser vencidos ou contornados ou suportados. Cada pessoa tem uma forma de atacar a rotina semanal. Cada cidadão dorme e acorda todo dia sabendo que, ao final dele, terá um dia a menos para viver e em seguida um dia novo para trabalhar. É uma labuta sem fim. A matemática da vida nos conduz a uma simples conta: somente o trabalho honesto traz o sustento igualmente honesto.

Desafortunadamente nem todos enxergam assim. Não avaliam o trabalho e a vida das pessoas pela soma de tudo o que é produzido em sete dias. Na realidade ousam julgar os indivíduos por um momento fugaz. Refiro-me aos que praticam atos típicos da cultura religiosa e que por ignorância se consideram religiosos. São pessoas que, não observando tudo o que é feito nas 168 horas da semana, avaliam os demais pela presença no templo em apenas um dia da semana. Isto é, analisam e julgam as pessoas tendo como base poucas horas de um único dia. Pode ser uma sexta, um sábado, um domingo. Não importa! De uma maneira geral cada segmento tem o seu dia de encontro e a membresia se põe a considerar como justos apenas aqueles que “marcam o ponto”, “batem o cartão” – indo, no dia determinado, ao centro coletivo de difusão de cultura religiosa. Lamentável!

Cansei-me disso e sei de muitos que se cansaram. É desagradável ser julgado por pessoas que não sabem todos os caminhos percorridos, as lágrimas vertidas, os sonhos desfeitos, as frustrações que acontecem semanalmente. Analisam o caráter pela presença ou ausência nos centros da fé cega e da faca amolada. As pessoas são obrigadas a ouvir frases surradas: “senti sua falta, que bom que você veio. Estávamos preocupados com a sua vida espiritual...” Como se tivessem condições de zelar pela vida alheia! Logo eles que não passam, em muitos casos, de hipócritas de plantão. São os malditos igrejeiros, que resumem a vida da pessoa na presença ou ausência nos “esconderijos” da fé. Lá estão muitos que durante a semana distribuem e comem o pão maldito e para o templo se dirigem semanalmente para fingir. Isto mesmo! Fingir que são homens e mulheres de fé...

Quer se esconder? Mostrar um rosto que não lhe pertence? É fácil! Basta ser “figurinha carimbada” nos centros da fé massificada! Ali pouco importa o que foi feito ou se deixou de fazer durante a semana. Vale a presença constante semana após semana – lá, junto com os perfumados! Aqueles que tiram os andrajos semanais e põem as roupas bonitas e trabalhadas da falsidade humana...

Cansei-me! A matemática que não considera todas as cento e sessenta e oito horas da semana não me serve! Não aceito ser avaliado, tendo como critério as poucas horas de um dia que se convencionou chamar de especial ou santificado.

Não hesito em afirmar que tal conta é falsa. É conta da maldita matemática da hipocrisia.
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